Sátira

Explicamos o que é a sátira, sua origem, características e exemplos de grandes autores satíricos. Além disso, o que é sátira política.

sátira
A sátira busca expressar a desaprovação do autor, para fins moralizadores ou críticos.

O que é sátira?

A sátira é um gênero literário e ao mesmo tempo um recurso expressivo, por meio do qual o autor expressa sua indignação ou sua oposição a algo, por meio de procedimentos humorísticos, isto é, de escárnio, ironia ou caricatura. A sátira não aspira ao humor em si, nem à pura diversão, mas a expressar a desaprovação do autor, seja velada ou abertamente, geralmente para fins moralizantes ou críticos.

As origens da sátira remontam à Grécia antiga.especialmente a poesia iâmbica de Semonides de Amorgos (VII-VI c. AC) e Arquíloco de Paros (712-664 AC), e a obra de dramaturgos como Aristófanes (444-385 AC. ), cujo legado foi herdado por Roman humoristas como Caio Lucílio (148-102 aC) e Luciano de Samósata (125-181).

De fato, foi tão amplamente cultivado na Roma antiga que Marcus Fabius Quintilian (c. 35-c.95) o chamou de “um gênero completamente romano” (“na verdade, é inteiramente nosso”).

Naquela época, a sátira podia assumir diferentes formas, como diálogos, canções, epigramas, etc., tanto em verso como em prosa, ou alternando ambos os registros. Porém, também não seria exclusivo da literatura: a ilustração, o cinema e até a música fazem uso dela com muita frequência.

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características de sátira

De um modo geral, a sátira é caracterizada pelo seguinte:

  • É uma forma de representação de referentes reais, ideias, pessoas ou mesmo outras obras artísticas ou filosóficas.
  • Tem uma intenção zombeteiraridículo ou crítico, que se expressa por meio da paródia, da comparação de referentes díspares, do exagero e/ou da duplicidade de sentidos.
  • Ela se expressa em uma imensa variedade de temas, tons e métodos, mas em geral sempre tem um propósito crítico ou moralizadoristo é, pedagógico ou de denúncia.
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Exemplos de autores satíricos

Ao longo da história, houve centenas de autores de obras satíricas, especialmente porque esse gênero permitiu que eles zombassem uns dos outros e resolvessem suas rixas na literatura. Houve, no entanto, grandes autores satíricos romanos, que geralmente são considerados os criadores formais do gênero, como:

  • Cayo Lucilius (147-102 aC), cuja obra se perdeu com o tempo, mas é frequentemente referida por outros poetas satíricos romanos.
  • Marco Terencio Varrón (116-27 aC), autor de sátiras menipéias, nas quais verso e prosa se misturavam.
  • Quinto Horácio Flaco (65-8 aC), cuja obra satírica consistia principalmente em sermões e diálogos, nos quais frases e críticas eram introduzidas de forma menos virulenta.
  • Lucius Anneus Seneca (4 aC – 65 dC), chamou Sêneca, o Jovem, para diferenciá-lo de seu pai, cuja obra em prosa é repleta de filosofia moral e referências satíricas.

Outros grandes e reconhecidos cultivadores da sátira foram, a partir da Idade Média, os espanhóis, não só na sua lírica e na sua poesia, mas sobretudo nas suas peças do Século de Ouro e nos seus primeiros romances modernos. Alguns nomes importantes nesta tradição foram:

  • Juan Ruiz, Arcipreste de Hita (c. 1283-1350), cuja obra é considerada uma das mais importantes da literatura espanhola medieval, foi o primeiro a utilizar devidamente a sátira para criticar a influência do dinheiro que já começava a desorganizar a sociedade feudal da época.
  • Alfonso Martínez de Toledo, Arcipreste de Talavera (1398-c.1468), autor pré-renascentista cuja maior obra é uma sátira ao amor mundano e à luxúria, o corbachode 1438.
  • Miguel de Cervantes (1547-1616), o maior autor da tradição espanhola, é famoso justamente por uma sátira de romances de cavalaria: O Engenhoso Cavalheiro Dom Quixote de La Mancha de 1605. Porém, não foi seu único texto satírico: ele também é conhecido O colóquio dos cães de 1613 e viagem ao parnaso de 1614.
  • Lope de Vega (1562-1635), um dos grandes expoentes do drama espanhol do Século de Ouro, foi pródigo em sátiras contra Luís de Góngora, seu rival, bem como contra a tradição do Culteranismo.
  • Ramon de Valle-Inclan (1866-1936), poeta modernista e fundador de um estilo romanesco denominado “o grotesco”, caracterizado por distorcer grotescamente a realidade e acentuar seus traços cômicos e vulgares, atacando tudo o que era considerado consagrado ou correto.
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Sátira política

sátira política
Não há sátira imparcial ou neutra.

Um dos cenários favoritos para o surgimento da sátira é o da política. Em parte porque zombar dos poderosos permite que as pessoas expressem suas discordâncias e canalizar seu descontentamento de forma pacífica e democrática, mas também porque constitui um exercício de arrogância, de violência simbólica contra pessoas comumente intocáveis.

A sátira política, portanto, reduz os poderosos ao nível das pessoas comuns e, às vezes, alimenta o fogo já aceso da subversão e da revolução, ecoando os sentimentos das massas. Toda sátira política obedece à ideologia ou preferências do cartunista ou escritor, então não existe sátira “imparcial” ou “apolítica” ou “neutra”. Ao mesmo tempo, a sátira política pode ser escrita, desenhada, filmada e assim por diante.

Um bom exemplo disso é o filme o grande ditador de Charles Chaplin (1889-1977), estreada em 1940, onde o humorista zomba de Adolf Hitler e do fascismo europeu.

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Referências

  • “Sátira” na Wikipedia.
  • “Sátira política” en Wikipedia.
  • “Sátira” no Dicionário da Língua da Real Academia Espanhola.
  • “O que é sátira?” na Oregon State University (EUA).
  • “De sátiras e satíricos” na Biblioteca Virtual Cervantes.
  • “Sátira” na Enciclopédia Britânica.