Criminalística

Explicamos o que é a criminalística, seus princípios e métodos de investigação. Além disso, diferenças com a criminologia.

forense
A Criminalística estuda o crime a partir de uma perspectiva científica.

O que é criminalística?

criminalística é uma disciplina que estuda e investiga o crime, ou seja, o crime, aplicando métodos e conhecimentos científicos que lhe permitem reconstruir a forma como foi cometido, identificar os culpados e explicar com grande certeza o que aconteceu. Juntamente com a criminologia e outras disciplinas semelhantes, constitui o que é conhecido como ciências forenses.

A Criminalística é muitas vezes entendida como uma disciplina auxiliar do Direito Penal ou mesmo do Direito em geral. Tem sido definida como a “ciência dos pequenos detalhes”, pois concentra-se em detalhes investigativos para descobrir a verdade do crime cometido (isto é, recompor fielmente suas circunstâncias).

Embora seja uma disciplina autônoma, é comum que se baseie em práticas e conhecimentos das ciências naturais e de muitas outras disciplinas técnicas. Como um campo formal de estudo, a criminalística nasceu por volta do século XVII, das mãos da medicina legalpois os médicos passaram a auxiliar na investigação de casos de homicídio ou violência física, aportando seu conhecimento especializado.

Nessa época já existia a medicina legal, criada em 1575 para auxiliar na resolução de conflitos jurídicos por meio do conhecimento médico, e a datiloscopia, surgida por volta de 1665, que é o estudo das impressões deixadas pelas impressões digitais. De mãos dadas com a criminologia, muitas dessas disciplinas floresceram e forneceram conhecimento vital para a compreensão e resolução do crime.

Para isso, foi fundamental a incorporação, durante o século XIX, de criminosos famosos às fileiras da polícia na Europa, como foi o caso do famoso Eugene-François Vidocq (1775-1857). Este último foi o primeiro a propor estudos de balística para solucionar um homicídio e o primeiro a usar moldes para capturar impressões digitais na cena do crime.

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No entanto, o criminologista mais proeminente de todos os tempos foi o austríaco Hans Gross (1847-1915), considerado o pai desta disciplina e fundador de um método científico conhecido como “escola criminológica de Graz”, visto que também foi membro fundador em 1912 do Instituto Real e Imperial de Criminologia da Universidade de Graz, na Áustria.

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Princípios da criminalística

princípios da criminologia
A criminalística deve estudar o local dos acontecimentos.

A criminologia estuda o crime sob uma perspectiva científica, ou seja, metódica, verificável e concreta, livre de especulações e subjetividades, e comprometida com evidências físicas e tangíveis. Para isso, orienta-se por um conjunto de princípios, ou seja, abordagens fundamentais, entre as quais se destacam:

  • Princípio de uso. Todo crime é cometido por meio de algum agente físico, químico, biológico ou informático, que pode então ser utilizado como prova.
  • princípio de troca. Ao cometer um crime, o criminoso, a vítima e o local dos fatos trocam sinais ou provas recuperáveis ​​e verificáveis.
  • Princípio da correspondência. Todo traço, marca ou cicatriz corresponde necessariamente ao corpo ou objeto de maior dureza que o causou.
  • princípio da certeza. Toda prova de qualquer natureza que se encontre na cena do crime merece um estudo científico minucioso para saber se corresponde ou não ao fato investigado, de forma que sempre se aspire aos mais altos níveis de certeza possíveis.
  • Princípio de produção. Todo ato criminoso produz evidências recuperáveis, já que não existe crime perfeito. Esta prova dependerá do tipo de crime e da morfologia do local onde é cometido.

Por outro lado, o processo criminalístico, ou seja, o método de investigação científica dos crimes, responde por princípios próprios fundamentais, tais como:

  • Proteção da cena do crimepara evitar que as provas sejam removidas, modificadas ou incorporadas novas provas capazes de distorcer o processo.
  • Observação da cenapois nele serão encontradas as provas necessárias para iniciar a investigação.
  • Estabelecimento do local de eventos, ou seja, uma vez observadas as evidências, estas devem ser devidamente registradas por meio de descrição escrita, fotografia, planimetria, etc. O tempo joga contra a verdade.
  • A remoção de provaso que deve ser feito de forma adequada para não destruir ou alterar as provas.
  • O estudo dos sinais em laboratórioa fim de aplicar práticas científicas experimentais e obter delas evidências mais especializadas.
  • A cadeia de custódiaencarregada de verificar se a recolha, transporte, tratamento e conservação da prova é adequada de modo a não viciar as conclusões dela extraídas.
  • Elaboração de laudo pericialou seja, a entrega das conclusões científicas obtidas às autoridades competentes.
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Métodos de pesquisa

A criminalística usa uma infinidade de métodos e técnicas de investigação científica, a fim de coletar o máximo possível de dados, informações e evidências da cena do crime. Esses métodos incluem:

  • Medicina forenseque consiste no estudo anatômico e fisiológico do cadáver ou do corpo da vítima, para extrair dele as evidências médicas ou biológicas pertinentes.
  • meteorologia forenseque consiste no estudo das condições meteorológicas no momento do crime, para rastrear suas evidências nos objetos envolvidos.
  • genética forense, que consiste na coleta e comparação de material genético entre a cena do crime e os possíveis suspeitos. É de uso particular em casos de crimes sexuais, pois existem amostras úteis de DNA em secreções como saliva, sêmen, sangue, etc.
  • balística forenseque consiste no estudo de cartuchos, balas e armas, bem como da cena do crime, para verificar se uma arma estava envolvida em um crime ou não, e acompanhar a trajetória dos projéteis disparados.
  • antropologia forenseque consiste na recomposição de características, sexo, altura, etnia e outros fatores corporais dos restos humanos encontrados.
  • impressão digitalque consiste na coleta e comparação de impressões digitais na cena do crime, para determinar se uma pessoa empunhava uma arma, esteve em um local ou tocou no corpo da vítima.
  • entomologia forenseque consiste no estudo dos insetos e artrópodes que se alojam em um cadáver tanto em ambiente urbano como rural, a fim de determinar quanto tempo esteve exposto às intempéries e outros fatores circunstanciais do crime.
  • toxicologia forenseque consiste na busca de substâncias estranhas ou estimulantes (álcool, drogas, produtos químicos, etc.) no organismo dos sujeitos envolvidos, vivos ou mortos.
  • piloscopiaque consiste no estudo científico do cabelo ou cabelo encontrado na cena do crime, para determinar se é de origem animal ou humana, e se pertence ou não a uma pessoa específica.
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Carreira de Criminalística

A carreira de criminalística tem presença mundial em inúmeras universidades e institutos de ciências forenses. Geralmente ensinado como um diploma de bacharelembora também existam abordagens técnicas menores.

Os que se formam nesta carreira são conhecidos como criminalistas e muitas vezes encontram emprego em instituições judiciais estatais, centros de investigação privados, ONGs e outras organizações internacionais de justiça, ou mesmo em instituições educacionais da área.

Criminalística e criminologia

Não devemos confundir estas duas disciplinas que, embora abordem o mesmo objeto de estudo: o crime, o fazem sob pontos de vista e com objetivos muito distintos.

A criminalística tem como foco revelar como ocorreu o crime, ou seja, remontar o que aconteceu por meio da investigação. Por outro lado, a criminologia estuda o crime de um ponto de vista filosófico, tentando descobrir o motivo dos crimes que acontecem. Podemos pensar nessa diferença como sendo a primeira uma disciplina prática e aplicada, enquanto a segunda é uma disciplina teórica e reflexiva.

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Referências

  • “Criminologia” na Wikipédia.
  • “Diferença entre criminologia e criminalística: o que é o quê?” na Escola de Negócios e Direito.
  • “Estudar criminalística: onde fazer e qual a sua oportunidade de trabalho?” na Universidade Argentina.
  • “O que é criminalística?” (vídeo) no Colégio Mexicano de Criminologistas.
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